Comer emocional

Comer emocional

Falar em alimentação pode ser mais complicado do que se imagina, e o contexto atual mostra exatamente isso. Enquanto uma realidade pré pandemia e quarentena valorizava as dietas, e as posicionou como grande salvadora da alimentação e principal motivo de um corpo magro e sarado, durante pandemia nós tivemos pessoas se perguntando porque não conseguem parar de comer, porque a compra que era para durar um mês se findava na primeira semana e porque abrir a geladeira era o hobbie principal.

É interessante perceber essa movimentação, porque pela primeira vez temos a oportunidade em massa de sentir na pele que escolhas alimentares não são feitas apenas racionalmente, considerando os nutrientes dos alimentos e procurando “nutrir a máquina”. Hoje, todo mundo vivenciou que se come por tédio, se come por medo, se come por ansiedade, se come por tristeza e se come porque os sentimentos estão exacerbados.

E é por isso que, neste momento, estamos diante da maior revolução que podemos fazer em relação a nossa alimentação, vivemos experiências que ajudam a perceber toda a simbologia da comida. Estamos diante da possibilidade de sair da era fitness cobrada como rotina moral de sucesso e de entender o real significado de saúde para gente e de valorizar o nosso mundo interno, que deseja viver uma vida de bem-estar. Afinal, se dividir alimentos em bons ou ruins, heróis ou vilões do emagrecimento não está adiantando para que eu molde a minha alimentação, que eu olhe para dentro.

Às vezes é ótimo saber o quão bem os nutrientes fazem para o nosso corpo, mas é preciso acrescentar a isso os seus desejos, a comida que aquece o seu coração e a curiosidade de saber o porque a sua comida preferida é a sua comida preferida. Contextualizar escolhas e lidar com sentimentos, inclusive os que você tem em relação a comida, é o caminho para uma relação leve com o alimento, é o caminho para descobrir como funciona de verdade o seu corpo e é o caminho da autonomia. Vai por mim, ninguém nunca vai saber melhor do que você mesmo o que é necessário de combustível para essa “máquina” corpo, e essa é uma máquina que funciona tanto física quanto emocionalmente e é importante alimentar os dois.